Passei seis meses em Portugal fazendo estagio doutoral na Universidade de Lisboa, a clássica, e durante este tempo não consegui postar nada. Não que lá como disse aquela ignorante da Maite seja atrasado no que se refere a internet. Mas sim porque não conseguia mesmo descrever naqueles momentos tão fantásticas experiências passadas por lá. Experiências que me ajudaram muita crescer enquanto aluno de doutorado e mesmo como pessoa. Na medida em que a memória me ajudar vou relembrando e escrevendo aqui sobre o tempo passado lá. Agora vou comentar um pouco e justificar o porque de colocar postagens sobre as Igrejas.
Estou fazendo estas postagens sobre as Igrejas de Portugal não porque seja carola, mas porque naquele país são tantas estas construções e tão belas que fica a vontade de mostrar a alguns amigos. A cada cidade que visitamos em Portugal sempre encontramos um numero acima de 3 Igrejas que nos encantam. Lembro-me de uma colega de viagem que é uma carola, essa sim, ela tenha que rezar a cada Igreja aberta, então fomos fazer turismo no norte de Portugal, Braga, Guimaraes etc.. Eis que ela ia entrando e sempre parava para uma rezadinha, não tive outra alternativa se não dizer a ela que daquele jeito nossa viagem duraria o tempo de uma cruzada. Mas apesar do numero de Igrejas e sabermos a ligação que o país tem com a religião católica Portugal não pode ser mais chamado de um país carola. A Igreja já não tem tanto poder quanto outrora já teve. A entrada na comunidade européia, a abertura do país depois da ditadura modificaram muito aquele povo. As Igrejas existem, mas vivem vazias como que entregues ao passado, ao Portugal atrasado. O Portugal dos bairros Lumiar de pessoas mais tradicionais não é o Portugal do Oriente a bela região arquitetada por Santiago Calatrava. Falarei sobre esta região em breve. Os jovens portugueses são mais europeisados, não querem saber de castelo, de Sé, de Portugal medieval. Querem ir a Londres, Paris, não a Leiria, Braga ou Guimarães. Quem vai a Braga ou Guimarães são os Brasileiros e aos montes. Os jovens portugueses estão no Chiado bairro da moda, moderno, deslocado. É no Chiado que a noite vemos a cara dos jovens lusos. E são caras bonitas, modernas sem preconceitos. Nas minhas andanças pelo Chiado a noite acho que foi onde descobri a Lisboa européia, onde conhecíamos, franceses, alemães, austríacos, ou seja, ali que tínhamos a certeza de estarmos na Europa. É interessante que uma vez ao voltarmos para casa, eu morava no Lumiar, um bairro tradicional de Lisboa, pois bem, ao voltarmos enocntramos a dona do apartamento e ela nos perguntava onde tínhamos ido. Respondemos que tínhamos ido curtir um fado na Alfama e depois fomos ao Chiado curtir a noite. A dona era uma moça de seus 35 anos, muito jovem mas de familia tradicional que sempre viveu no Lumiar e pasmem, não tinha nem o segundo grau. Isso é uma constante em pessoas dessa idade em Portugal. Pois bem, voltando ao assunto, ela ficou horrorizada ao saber que tínhamos passado a noite naqueles lugares. Nos disse que nunca tinha ido a tais locais, pois lá só existia prostituição, drogas e assaltos. Me perguntei, caraca, essa moça nasceu a 40 anos em Portugal e nunca foi a Alfama e ao Chiado. Numa noite só eu tinha ido do Portugal europeu ao Portugal de Salazar. Depois percebei que fazia isso toda noite, cruzava aquela fronteira todo dia. Acordava nos anos 70 e passava o dia e a noite na Lisboa européia e a noite voltava ao passado. Viagem incrível. Que saudades do seu Lourenço meu amiguinho de 70 anos que sempre me dizia, "queres saber, brasileiro, não sou português, sou algarvio. O Algarve foi conquistado. E tem mais "tooooooooooooooma uma mini". A mini é uma cerveja lusa.
2 comentários:
Meu caro,
leio, com certa emoção, esse teu narrar do meu Portugal e percebo bastante bem a visão que tens daquele cantinho chamado de jardim à beira mar plantado.
Adorei a imagem que criaste com as tuas palavras: "Acordava nos anos 70 e passava o dia e a noite na Lisboa Europeia". Essa imagem, ou esse encantamento, já se vivenciava no período em que dizes acordar, mas representava um "viver perigosamente" desafiando a assustadora e terrível PIDE, por isso o número de praticantes desse "quase suicídio" era bastante restrito.
Mas a maioria do povo, concordo plenamente contigo, estava mais para o modelo "arcaico" de pessoa que descreves, aquele povo temente a uma religião castradora e extremamente submisso a um regime ditatorial que, infelizmente, muitos ainda sonham em restaurar!
Mas obrigado, amigo, por trazeres "imagens" tão belas de um país distante, em que nasci, e do qual estou afastado há já bastante tempo.
Apenas um detalhe: ainda prefiro a Sagres (nem sei se ainda existe por lá!)
Saudações Lusas!
Meu amigo saudades de ti e de nossos papos. Pois. A passagem pela finis terrae foi emocionante para mim. Aquele país, aquele povo tudo me deixava encantado. Fui a Paris, Barcelona, Madrid e outras mas a luz de Lisboa era uma coisa diferente sabe. Sei lá acho que nas vidas passadas fui cavaleiro de D. Afonso aquela figura tão presente em todo local do país. Eu entendo o que falas sobre a época da PIDE realmente foi uma fase difícil por lá. POis. Bem a Sagres ainda existe com certeza mas eu prefiro a MIni kkkkk, torço pro Sporting e adoro ouvir o fado Lisboa, menina moça na radio Amália FM que virou mania kkk.Grande abraço meu amigo.
Postar um comentário