Paço Imperial , Praça XV, Rio de Janeiro,
20 de janeiro de
1759, 20:00
Numa das salas
do Paço Imperial conversam duas obscuras figuras. Uma das figuras um negro,
muito alto, braços muitos fortes com aquela aparência de príncipe africano, mas
com um pronunciar perfeito da língua portuguesa, resultado de seus anos de vida
em Lisboa.
O Paço Imperial
era construído no século XVIII para servir de residência
aos governadores da Capitania do Rio de Janeiro, e passou a ser a casa de despachos, sucessivamente,
do Vice-Rei do Brasil, do Rei de Portugal, D. João VI e dos imperadores do Brasil.
A história do
edifício teve início em 1733, quando o governador Gomes Freire de Andrade, Conde de Babadela pediu ao rei D.João V licença
para edificar uma casa de governo no Rio de Janeiro . A construção teve início em 1738,,
com projeto do engenheiro militar português José
Fernandes Pinto Alpoim, no Largo do Carmo (ou da Polé), atual Praça
XV, no centro da cidade colonial. A nova Casa dos Governadores foi inaugurada em 1743.
Em 1763,
com a transferência da sede do Vice-Reino do Brasil de Salvador para o Rio,
a Casa dos Governadores passou a ser a casa de despachos do Vice-Rei, o Paço dos Vice-Reis.
Em 1808, com a
chegada ao Rio da família real portuguesa, o edifício é promovido a Paço Real e usado
como casa de despachos do Príncipe Regente. Nessa época o Paço foi adaptado, tendo sido
acrescido um novo andar central à fachada colonial voltada para a Baia da Guanabara. Os interiores foram
redecorados e o Paço ganhou uma Sala do Trono, onde ocorria a tradicional
cerimônia do Beija-mão.
Também se construiu um passadiço ao vizinho Convento do Carmo, onde se instalou a Rainha D. Maria I.
Para a aclamação do
rei D. João VI foi construída a "Varanda", um anexo monumental entre
o Paço e o Convento do Carmo, onde se realizou a cerimônia. A mesma Varanda foi
utilizada nas coroações de D. Pedro I (1822-1831)
e D. Pedro II (1840-1889), sendo demolida ainda
durante o Segundo Reinado.
Após a Independência do Brasil, o edifício passou a Paço Imperial, sendo chamado
também de Paço do Rio de Janeiro, funcionando como despacho e residência eventual para D.
Pedro I e depois para D. Pedro II. No interior há uma sala, o Pátio dos Arqueiros. Neste período a fachada recebeu o acréscimo de uma
platibanda em torno do terceiro andar e que ocultava o telhado. Foi no Paço
que, a 9 de janeiro de 1822,
D. Pedro I decidiu ficar no Brasil e não voltar a Portugal (Dia do Fico). Também foi numa das salas do Paço que a Princesa Isabel, já nos estertores do Império, assinou, dia 13 de maio de 1888,
a Lei Áurea, libertando os escravos. O Paço
Imperial foi ainda o primeiro local fotografado na América atina. Em 1840,
o Abade Compte fez a primeira fotografia do Brasil, mostrando o Paço e o largo
adjacente.
De volta ao Paço,
os dois homens continuavam a sua conferência.
O negro se
dirigia ao seu interlocutor que pelos trajes e pelo falar aparentava ter origem
nas Províncias do Norte. O negro que era figura muito vista no Paço nos últimos
dias tentava explicar algo para seu interlocutor.
- Voismece sabe que tentei de todas
as formas, mas os padres não me deram nenhuma informação que poderia ajudar,
respondeu.
- O outro com aquele sotaque típico
do norte do Brasil bravejava. ELE vai ficar furioso, não ficou claro para você
que a solução deste caso assim como encontrar o HERDEIRO é caso de segurança do
Império? Não sei o que dizer a ELE. E justo neste momento quando o país vive
problemas nas fronteiras do sul. E o
pior deixaste que a notícia fosse publicada pela imprensa da Província não lhe
foi dito que isso era para ficar entre poucas pessoas?
_ Sim foi, mas Voismece sabe que é
difícil manter esse tipo de notícia em segredo. Ainda mais da forma que
aconteceu, e na frente da Igreja dos Jesuítas que fica na parte alta da cidade,
mas um detalhe me chamou a atenção o morto era com certeza um franciscano.
-Será que o caso se resume a uma contenda
entre jesuítas e franciscanos? Ainda existem jesuítas por lá? Viste o corpo?
Como estava?
-Coisa mais feia que já vi na vida,
respondeu o negro passando as mãos no rosto e não respondendo sobre os
jesuítas.
- Investigasse a Igreja dos
Franciscanos? Conseguiste algo sobre se o HERDEIRO realmente pode ter passado
por lá?
- Apenas rumores de que uma figura
muito estranha, a muito mora por lá, mas nada que consegui comprovar, respondeu
negro.
-Precisamos levar estas informações
para ELE, mas me disseram que não está no Paço.
-Não. ELE partiu para a Quinta. Mas
sabes como ter acesso a seus aposentos, corra para lá e diga o que conseguiste
apurar creio que em breve ele terá que convocar os outros para investigar. Se
realmente o maldito filho dos traidores estiver vivo precisamos dar um fim a
ele, ou a vida da família real estará em perigo. Quiçá a existência do Império.
Corra. Avise ele vou tomar outras providências e entrar em contato com os
outros para podermos traçar novas investigações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário