sexta-feira, 11 de julho de 2008

Pós-graduação,Pesquisa e Publicações


Caríssima Ana Beatriz tomo o título de seu post porque achei o tema instigante então vamos lá. Eu também fiquei muito assustado com o terrorismo feito com relação ás novas medidas da Capes no que tange aos programas de pós-graduação no país. Isso deixa mais claro a ausência de uma política mais coerente e mais consistente relacionada à pós-graduação, com a definição clara de fins e metas bem delineadas, evitando-se o isolamento do sistema avaliativo em relação ao contexto maior da política educacional do país. Este sistema carrega subjacente uma política educacional, sim, mas trata-se de uma política às vezes por demais atrelada ao mercado, esvaziando seu sentido qualitativo, reduzindo-se a critérios políticos muito acanhados. Outro ponto que devemos destacar é a complexa política de financiamento da pesquisa no país. A cada ano os recursos para o setor são menores no que tange ao custeio de bolsa, por exemplo. A pós-graduação no Brasil nasceu nos anos 1930 e na ultima década teve um grande oferecimento de novas vagas na área em todos os setores do conhecimento e diferentes modalidades de cursos (mestrados profissionalizantes, mestrados interinstitucionais, cursos de pós-graduação à distância, cursos fora da sede), embora a distribuição dos Programas pelas diversas regiões do país continue muito desequilibrada, com grande concentração no Sudeste. A produção no eixo sul-sudeste nos supera em todos os níveis com certeza, mas temos que rever algumas de nossas posturas por aqui também. E esta revisão tem que se dar, por exemplo, com relação a publicação. Um programa de pós-graduação tem que fazer mais do que apenas produzir e guardar. Temos que publicar as teses e trabalhos e é isso que as novas resoluções pedem. Apenas a título de exemplo a professora Ana Maria Galvão da UFMG esteve a tempo na UFPB e fez uma afirmação que me deixou mais assustado que o discurso de nossa diretora da pós. Ela nos relatou que ao fazer o balanço da produção da Revista de educação da qual fez parte em São Paulo não havia trabalhos do nordeste nem entre os recusados, ou seja, os pesquisadores da nossa área nem haviam enviado trabalhos. É ou não mais preocupante? Quando fazia parte do colegiado na minha época de mestrado ouvi um professor dizer que publicação de aluno não tinha importância. É ou não mais preocupante. Nesta gestão do programa podemos perceber que existe uma preocupação maior com este item justamente porque é nosso maior problema. Nós falamos em inserção social, mais qual a inserção social da nossa área como um todo na sociedade, visto que a Paraíba ainda é um dos estados com o maior número de analfabetos da federação, com um programa de pós-graduação em educação com 30 anos? Não estou fazendo aqui o advogado da Capes até porque não concordo com todas as medidas tomadas e esta política de mudar a todo o momento as avaliações dos programas sem levar em conta os programas periféricos como o nosso. Mas uma medida que acho importante é a que esvazia os congressos pelo país que viraram moda. O que vai importar agora serão os livros ( e isso é muito importante para a nossa área), e os trabalhos em periódicos, além da colaboração efetiva entre orientando e orientador que terão que publicar mais juntos.

Bem caríssima esta é minha visão espero que possamos debater mais o assunto

3 comentários:

Prof. Dr. Manuel Pina disse...

Já agora, caríssimos, permitam que eu meta a minha colher nesse angu!

Vou postar no meu blog algo a respeito da temática em debate.

Vamos fazer a roda girar!

Um abraço

Ana disse...

Concordo plenamente com você, penso que é responsabilidade do programa (e dos professores) viabilizar as publicações. Este debate que está acontecendo hoje no PPGE já está atrasado. Aprofundando mais ainda a questão, a CAPES tocou na questão sutil, mas essencial, do papel dos discentes. Antes os alunos serviam apenas como mão-de-obra para os professores e se tivessem sorte teriam seus nomes inseridos nas publicações. Agora o movimento é inverso: o papel da produção discente é tão importante quanto o do professor. Penso que isso está enlouquecendo muita gente... Mais egocêntrico do que professor doutor, só mesmo na profissão de ator (rsrsrs). Nesta fogueira das vaidades, o trabalho colaborativo é o que realmente vai contar. Por outro lado, estão acontecendo algumas distorções. Conheço professores que estão obrigando seus orientandos a publicar trabalhos com o nome deles em co-autoria, sem sequer escrever uma linha! Eles nem aparecem nas apresentações dos trabalhos. Como estas mudanças vão afetar a produção acadêmica, só saberemos depois que estas medidas forem absorvidas pela Universidade. Sempre temos esperança de melhoria, mas é preciso ver para crer...
Beijos,

Ana disse...

Fui na estação ciência, ou melhor Cabo Branco hoje. Dá uma olhada no post que eu escrevi sobre isso...
Beijos,