sábado, 25 de setembro de 2010

O Fado



Não tem como ir a Lisboa ou Coimbra e não comparecer uma casa de Fado. Por mais que meu orientador portugues fosse contra esse tipo de cultura "excessivamente popular". Me lembro que ele falava para evitar os 3 F de Portugal, o Fado, o Futebol e Fátima. Elitismos a parte eu preferi deixar isso de lado e fui na Tasca do Chico, uma vez na Alfama e outra no Bairro Alto. Sugiro que quem for prefira a da Alfama pois n
o Bairro é mais barulhenta e fica meio difícil de apreciar a musica. Quando o espetáculo começa é muito bonito as luzes se apagam se pede silêncio para o Sr Fado. E é incrível como ele realmente toca a gente volta e meia e olhava na mesa e tinha um chorando, todos tocados pela música e pela saudade. O Fado apesar de ser português na sua essência nasceu no Brasil. A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, "destino". De origem obscura, terá surgido provavelmente na primeira metade do século XIX. Uma explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. A dolência e a melancolia, tão comuns no Fado, teriam sido herdad as daqueles cantos. No entanto, tal explicação é ingénua de uma perspectiva etnomusicológica. Nascido no Brasil, o fado tornou-se conhecido em Portugal após o retorno da corte de D. João VI à Europa, para desaparecer completamente da tradição musical brasileira. Fado é uma canção popular portuguesa tipicamente urbana, cantada sobretudo nas ruas e bares de Lisboa e, em Coimbra, no meio estudantil. É acompanhada ao violão e eventualmente dançada. A temática da dor e do destino, recorrente na poesia portuguesa, aparece no fado tradicional, mas também há fados alegres e satíricos, e outros sobre temas variados, como política e religião. O chamado fado batido surgiu no início do século XIX, como dança de umbigadas semelhante ao lundu. Popularizou-se primeiro no Rio de Janeiro e depois na Bahia. Na década de 1830, já existiam em Lisboa inúmeras casas de fado, onde moravam as fadistas, jovens que cantavam, tocavam e "batiam" o fado num ambiente de bordel. Por volta de 1840, o canto ganhou especial importância, o que parece haver coincidido com a substituição da viola pelo violão. A partir de sua apresentação em espetáculos, no final do século XIX, o fado se enriqueceu musicalmente e teve atenuada a morbidez dos temas poéticos. Renovou-se na década de 1930, com intérpretes como Amália Rodrigues, cujos ornamentos melódicos trazem à lembrança o canto cigano e mourisco, e Hermínia Silva. O violão ganhou destaque e passou a responder ao cantor. Em meados do século XX, o fado tornou-se conhecido fora de Portugal. Na segunda metade do século XIX, surge em Lisboa, embalado nas correntes do romantismo, uma melopeia que tanto exprimia a tristeza unânime de um povo e a desilusão deste para com o ambiente instável em que vivia, como abria faróis de esperança sobre o quotidiano das gentes mais desfavorecidas e, mais tarde, penetrava ainda nos salões da aristocracia, tornando-se rapidamente uma expressão musical nacional.

Porém, a sua origem histórica, sem grandes aprofundamentos, tem para uns autores filiação mourisca ou africana, e para outros surge como importação do Brasil, sob o espectro da tradição do lundum, que terá encontrado a expressão máxima com o acompanhamento da guitarra. Os temas mais cantados no fado são a saudade, a nostalgia, o ciúme, as pequenas histórias do quotidiano dos bairros típicos e as lides de touros. Eram os temas permitidos pela ditadura de Salazar, que permitia também o fado trágic
o, de ciúme e paixão resolvidos de forma violenta, com sangue e arrependimento. Letras que falassem de problemas sociais, políticos ou quejandos eram reprimidas pela censura. Deste fado "clássico" (também conhecido por fado castiço) são expoentes mais recentes Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro, Maria Amélia Proença, Berta Cardoso, Maria Teresa de Noronha, Hermínia Silva, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Lucília do Carmo, Manuel de Almeida, entre outros. O fado moderno iniciou-se e teve o seu apogeu com Amália Rodrigues. Foi ela quem popularizou fados com letras de grandes poetas, como Luís de Camões, José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill, David Mourão-Ferreira, José Carlos Ary dos Santos e outros. É um cordofone com a caixa harmónica piriforme - o bojo ou cabaço -, sem enfranque, a aguçar para o braço, e de fundo chato e tampos aproximadamente paralelos. A sua boca é redonda; arma com seis ordens de cordas todas metálicas, as três primeiras com cordas lisas, as três últimas com corda lisa e bordão em oitava. A guitarra portuguesa (português europeu) ou bandolim (português brasileiro) é um instrumento musical de origem incerta. Alguns pretendem que é um cruzamento do cistre renascentista e o alaúde árabe. Outros pretendem que é um cruzamento da bandurra espanhola com o cistre inglês, que era chamado de guitarra inglesa em Portugal. Gonçalo Paredes e Flávio Rodrigues, entre outros, foram os compositores mais respeitados dentro do estilo tradicional. Posteriormente Artur Paredes surgiu com a sua interpretação pessoal do instrumento beneficiando a sua acústica de diversas formas. Trabalhando com a família de construtores Grácio, de Coimbra, Paredes trouxe o instrumento para a era moderna, onde ele se mantém hoje, como perfeitamente actual. Carlos Paredes, filho de Artur Paredes, criou novas melodias e tornou a Guitarra Portuguesa num instrumento de concerto, tocando com músicos de jazz, tal como Charlie Haden, entre outros. Simultaneamente, em Coimbra, António Brojo e António Portugal desenvolveram tanto a Guitarra Portuguesa como o Fado de Coimbra, ultrapassando limitações anteriores, quer na composição quer na improvisação. Fez pela composição o que seu pai fez pelo instrumento propriamente dito. Será também de referir o papel fundamental de [[Pedro BOSS ]] na divulgação da Guitarra Portuguesa a vários níveis, nomeadamente na compilação e publicação de "A Guitarra Portuguesa", editado pela Ediclube, e nos arranjos e interpretação de repertório erudito para a Guitarra Portuguesa. Guitarra e a composição musical de Mário Pacheco segura e envolvente não é um acaso. Reflecte dedicação, empenho e carinho especial pela arte musical e em particular pelo fado, alicerçados numa tradição familiar. Filho do guitarrista António Pacheco que acompanhou alguns dos maiores fadistas, cedo Mário Pacheco vai desvendando mistérios do trinar da guitarra e dos caminhos melódicos da composição fadista. Esta aprendizagem nata será intensificada e ampliada no estudo do solfejo e da guitarra clássica na Academia de Música de Lisboa. Todavia, é a guitarra portuguesa que o prende, o instrumento que, como afirma, "mais expressivamente define o fado". Estuda afincadamente os grandes guitarristas: Armandinho, Artur Paredes, Carlos Paredes, Pedro Caldeira Cabral e Fontes Rocha. Estão lançadas as bases que lhe permitem ir construindo o seu estilo próprio quer como executante, acompanhando grandes vozes como Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Tristão da Silva ou Max, nomes que seu pai também acompanhara, quer mais tarde como compositor. Com o embalo musical que tinha foi inevitável que surgisse essa vontade e a inspiração para compor no entendimento pleno das formas e harmonias fadistas. Carloz Zel, Paulo de Carvalho, Ana Sofia Varela, Rodrigo Costa Félix, Mísia, Joana Amendoeira, Camané, Mariza e Amália, cantam melodias suas. Em 1992 é editado o seu primeiro álbum, “Um outro olhar” que procura traduzir como a música de Mário Pacheco reflecte uma outra visão da nostalgia e de como a saudade e a tristeza se cruzam, harmoniosamente, abrindo-se a outras linguagens musicais, pois também o fado é reflexo e súmula de várias outras melopeias. A este álbum que marcou a história musical portuguesa seguiram-se “Guitarras do fado”, “Cantar Amália” e “Guitarra portuguesa”. A guitarra portuguesa, a composição e os ambientes fadistas continuam a inspirá-lo, norteiam-lhe a vida. Mário Pacheco tinha entretanto encontrado na histórica Alfama, junto à secular Sé Catedral de Lisboa, um local onde cria um espaço de referência do fado e também de criação artística. Chama-lhe "Clube de Fado". Na realidade é um clube enquanto espaço de convívio, de tertúlia e troca de ideias em ambiente fadista. Este espaço onde o fado acontece todas a noites faz jus à tradição. É aí que Mário Pacheco solta amarras e a sua guitarra
viaja... O CD/DVD espelha uma “saída fora de portas” no ambiente aristocrático do Palácio Nacional de Queluz. Neste espectáculo, Mário Pacheco lembra os seus “mestres”: Carlos Paredes e José Fontes Rocha, compondo dois instrumentais em sua homenagem e convida fadistas que interpretam as suas melodias: Camané, Rodrigo Costa Félix, Ana Sofia Varela e Mariza, quatro nomes incontornáveis do fado, assim como os músicos Carlos Manuel Proença (viola), Rodrigo Serrão (contrabaixo), Marta Pereira da Costa (Guitarra Portuguesa) e ainda o quarteto de cordas de Arlindo Silva. Este é um cenário mágico. Na escadaria Robillion, erigida em 1764, desfilam emoções, sentimentos, imagens de vida, acontece fado pelas palavras dos poetas e na inspirada música e guitarra de Mário Pacheco. Quem tiver interesse de ouvir fado no PC pode acessar http://www.amalia.fm/radio-online/, ou mesmo em Joao Pessoa ir a Casa do Bacalhau que nas quartas e sexta tem apresentação.

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