quinta-feira, 20 de março de 2008

Marta, my dear

BRASÍLIA - Ela será cobrada pelo relaxa-e-goza, não terá desta vez o respaldo da máquina municipal e pegará, ao que tudo indica, dois rivais fortes, em vez de um. Mas, na comparação com 2004, nem tudo joga contra Marta Suplicy.
Primeiro: o PT está mais coeso. Quando Marta tentou sem sucesso a reeleição, os caciques se acotovelavam por cargos no governo Lula e, sobretudo, para se cacifar à sucessão. José Dirceu, então superministro, por exemplo, ajudou a implodir a aliança com o PMDB em São Paulo, que daria mais tempo de TV. Tudo para enfraquecer a potencial concorrente em 2010.
Dirceu, Palocci, Mercadante & Cia. não têm mais essa perspectiva, como se sabe. Hoje lutam para recuperar credibilidade e influência. Os petistas paulistas precisam de uma vitória do PT em São Paulo.
Segundo: vitaminado, Lula pode contribuir mais agora. A rejeição a um candidato dele na cidade (24%) não é diferente da de Belo Horizonte (22%), Rio (23%), Porto Alegre (22%) e Curitiba (24%). O presidente fala muito da prefeitura carioca, mas a prioridade, claro, é vencer o adversário José Serra na casa dele. E tome PAC na periferia.
Terceiro: a chapa martista pode acabar reeditando a coalizão federal. O PMDB de Quércia está próximo. E, embora Paulinho afirme que será candidato, há no PDT quem diga que, se Carlos Lupi for deixado em paz no Ministério do Trabalho, o partido também irá de Marta.
Quarto: o discurso de oposição serve melhor a Marta. O morno fiz-muito-mas-posso-fazer-mais de quatro anos atrás soou estranho à personalidade e à trajetória dela.
Por fim, os oponentes partem da mesma base política, têm a mesma plataforma e competem pelo mesmo eleitorado. As fissuras entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) só tendem a aumentar, assim como as chances de que o menos afortunado deles venha a ajudar veladamente a ex-prefeita num provável segundo turno.

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