domingo, 28 de setembro de 2008



Neste último sábado dia 27 encerrou-se o I Encontro de História do Império Brasileiro na UFPB. O evento foi promovido pelo Grupo de Pesquisa em História da Educação na Paraíba Imperial, coordenado pela Prof. Claudia Cury e teve como principal objetivo integrar os pesquisadores preocupados com a temática e fazer uma aproximação entre historiadores e historiadores da educação. E contamos com o apoio dos programas de pós-graduação em História e em Educação, além da CAPES. Podemos dizer que o evento foi um sucesso pois foram inscritos 360 pessoas e os trabalhos apresentados também tiveram um número substancial. Na abertura contamos com a presença do Prof. Dr. Manuel Salgado Guimarães (UERJ/UFRJ), atual presidente da ANPUH que proferiu a palestra: "Cultura histórica no Brasil oitocentista", e no encerramento a Prof. Dr, Diana Gonçalves Vidal com o tema: "A invenção da modernidade educativa: circulação internacional de modelos pedagógicos, sujeitos e objetos no Oitocentos", deu um show. Além destes podemos destacar ainda a presença de importantes pesquisadores do nordeste como: Profª Dra. Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas (NPGED/UFS); Profª Dra. Maria Arisnete Câmara de Morais (PPGE/UFRN);Profª Dra. Socorro de Fátima Pacífico Barbosa (PROLING/PPGL/UFPB); Prof. Dr. Antonio Carlos Ferreira Pinheiro (PPGE/PPGH/UFPB); Prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento (NPGED/UFS);Profª Dra. Maria Inês Sucupira Stamatto (PPGE/UFRN); Prof. Dr. Marc Jay Hoffnagel (PPGH/UFPE);Profª Dra. Solange Pereira da Rocha (DHG/UEPB);Prof. Dr. Luciano Mendonça de Lima (PPGH/UFCG); Profª Dra. Rosa Maria Godoy Silveira (PPGH/UFPB);Profª Dra. Lina Maria Brandão de Aras (PPGH/UFBA);Profª Dra. Maria do Socorro Ferraz Barbosa (PPGH/UFPE).
Na sexta feira com parte das atividades do evento ainda contamos com a presença da Prof. Teresa Baummam (Museu Nacional - UFRJ) que proferiu a palestra "Museu Nacional, um tesouro: história e acervo" de abertura da exposição Tesouros do Museu Nacional, na Estação Cabo Branco. A exposição nos foi proposta pela própria professora e pelo Museu Nacional que se interessaram pelo evento. Ainda como atividades foram lançados alguns livros como: Temas sobre a Instrução no Brasil Imperial (1822-1889), organizado por Antonio Carlos Ferreira Pinheiro e Cristiano Ferronato e A Escola de Baden-Powell: cultura escoteira, associação voluntária e escotismo de Estado no Brasil, de Jorge Carvalho do Nascimento.
Acreditamos que o nosso intuito na organização deste evento tenha sido alcançado e lançamos a semente tanto que ao final Bahia e Sergipe se interessaram e levar o mesmo para suas instituições, ficou com o último daqui a 2 anos.
Só temos a lamentar a baixa participação de pesquisadores e professores tanto da pós-graduação em História quanto da Educação. Os alunos de Historia perderam a oportunidade de ouvir o presidente da sua comunidade nacional além das pesquisas em andamento e os professores da Historia como um todo que pouco ou nada compareceram (estavam de férias e de férias tem que ir pra praia não é mesmo, ou estavam mais preocupados com a APUH de Guarabira, mas o cara não é presidente da ANPUH nacional?). Da pós de educação outro problema, pois acabou-se de criar uma linha em história da educação e da qual faço parte, e tenho colegas que pouco ou nada sabem sobre história da educação, apesar de estarem na linha e nem deram bola, os professores da linha apareceram alguns.
Todos perderam uma grande chance tanto os da História com o Prof. Manoel, quanto os da Educação com a Prof. Diana que apesar de serem os conferencistas prestigiaram todo o evento, chegaram na quinta e foram no sábado. Será que eles são menos ocupados que nosso colegas. Bem vai saber né.
Afora esses incovenientes tirando de falta de tempo, de coragem, de férias, e de interesse de nossos colegas o evento se realizou e podemos dizer graças aos nossos companheiros de estados como Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Pará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro. E em 2010 quem sabe os nossos colegas professores e alunos do PPGE e PPGH resolvam tirar umas férias em Salvador para apresentar algum trabalho.

Acordem, pessoal.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Cem anos de Machado de Assis.






Speak, Memory

A century after his death, Brazil's most important novelist remains largely unknown outside his country. Why?

Sep 25, 2008
Capa da revista News Week

A revista News Week pergunta em reportagem porque um mestre como Machado de Assis continua um desconhecido no Brasil. Bem talvez os brasileiros estejam mais preocupados com a novo namorado da mulher melancia do que com Capitu.
Para quem se interessar em ler a reportagem: http://www.newsweek.com/id/160842

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Universidade Estadual da Paraiba fica com indice 3

Confira abaixo o ranking das 11 melhores universidades estaduais do Nordeste.

Universidade do Estado da Bahia

UNEB

295

4

Universidade Estadual de Santa Cruz

UESC

281

3

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

UESB

276

3

Universidade Estadual de Feira de Santana

UEFS

270

3

Universidade Estadual do Ceará

UECE

269

3

Universidade Estadual da Paraíba

UEPB

252

3

Universidade Estadual do R.G. do Norte

UERN

251

3

Universidade Estadual do Maranhão

UEMA

248

3

Universidade de Pernambuco

UPE

224

3

Universidade Estadual do Piauí

UESPI

217

3

Universidade Estadual do Vale do Acaraú

UVA

215

3

UFCG é a universidade paraibana melhor colocada no ranking do Mec

Confira abaixo as 11 melhores universidades colocadas no ranking nordestino.

Universidade Federal de Pernambuco

UFPE

353

4

Universidade Federal do R. G. do Norte

UFRN

338

4

Universidade Federal da Bahia

UFBA

330

4

Universidade Federal do Ceará

UFC

327

4

Universidade Federal de Campina Grande

UFCG

311

4

Universidade Federal da Paraíba

UFPB

305

4

Universidade Federal de Sergipe

UFS

290

3

Universidade Federal do Piauí

UFPI

288

3

Universidade Federal Rural de Pernambuco

UFRPE

272

3

Universidade Federal do Maranhão

UFMA

265

3

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

UFERSA

261

3

domingo, 7 de setembro de 2008

SOBRE O OLHAR DE "VEJA" E DE NOVA ESCOLA A RESPEITO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL. POr Carlos Rodrigues Brandão

Como muitas pessoas que estarão lendo isto talvez não sejam, como nós também não somos, leitores costumeiros da revista VEJA, possivelmente não terão tomado conta de imediato de uma recente reportagem publicada entre as páginas 72 e 87 do número 33 da edição 2074 correspondente a 20 de agosto de 2008. A reportagem tem este nome: "você sabe o que estão ensinando a ele?" Escrita a partir de uma pesquisa com a pressa e as lacunas que de modo geral acompanham tais procedimentos em nossa mídia, a reportagem trás, no entanto, alguns dados oportunos e algumas idéias e críticas bastante sugestivas. Seu propósito é claro demais para ser rediscutido entre estas poucas linhas. Nossa educação está entre as piores do planeta, mas 89% dos pais entrevistados e com filhos em escolas particulares "consideram receber das escolas um bom serviço pelo que pagam" (pg. 73). Em nome de uma educação e de uma escola livre de "doutrinação" ideológica, seus autores parecem advogar aquilo que um estudante de Pedagogia aprende logo nas primeiras aulas de um curso de História da Educação. Em qualquer lugar do mundo e em qualquer época de sua história, educação alguma foi no passado ou segue sendo, hoje, isenta de valores, de visões de mundo e de pessoa humana. Isenta de um olhar próprio sobre o presente e de um projeto qualquer para o destino do futuro. E a pior educação é aquela que em nome de sua eficiência utilitária, afirma não desejar mais do que capacitar instrumentalmente indivíduos competentes para o "sucesso no mercado". Na Página 77 um quadro resumo dos dados sumários da pesquisa, ao lado da montagem de uma foto em que um lápis serve de cabo a um martela cruzado com a foice do símbolo comunista cujo cabo é uma caneta, trás também um retrato em tamanho pequeno de Paulo Freire. E ao lado do retrato uma tabela de porcentagens que respondem à pergunta: "com quem os professores mais se identificam? " Os números são estes: Paulo Freire, 29%, Karl Marx, 10%, Gandhi, 10%, Jesus Cristo, 6%, Einstein, 6%. Ao invés de louvarem o fato de Paulo Freire anteceder uma lista em que se acompanha de tais pessoas, a reportagem traça de nosso educador o seguinte retrato.

Não é o caso na maioria das salas de aula. Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara (...) Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico Albert Einstein, talvez o maior gênio da humanidade. Acreditamos que talvez um encargo pesado a pessoas que precisam ler e pesquisar depressa demais, sugerir às autoras da reportagem a leitura de pelos menos três livros de Paulo Freire: Pedagogia do oprimido, Pedagogia da esperança, e Pedagogia da autonomia. Estes livros e outros foram traduzidos para dezenas de línguas e costumam ser bastante mais lidos em nações e entre educadores dos paises centrais da "civilização ocidental" e do mundo capitalista, a começar pelos Estados Unidos, do que aqui mesmo no Brasil. Uma leitura destes e de outros livros, mesmo que apenas entre notas de rodapé e as bibliografias ao final, revelaria um pensador e educador cuja principal virtude foi sua atitude dialógica e aberta à diferença, a começar pelos autores que leu e a terminar pelo que escreveu e disse ao longo de toda a sua vida. Acreditamos também que talvez seja uma outra tarefa espinhosa sugerir a esses jornalistas e a quem neles creia, o realizarem um levantamento completo das obras, escritas pelos mais diferentes educadores de várias escolhas teóricas e pedagógicas e de diferentes nações e continentes, a respeito das idéias de Paulo Freire. Afinal, a menos que estejamos vivendo em um mundo mais alucinado do ele que nos parece, cremos que um educador brasileiro honrosamente convidado a ser Doutor Honoris Causa de quarenta e nove universidades espalhados por todos os continentes, não conseguiria chegar a tanto, enganando tantas pessoas cuja credibilidade é, na maior parte dos casos, internacionalmente reconhecida. Eles – bem menos do que quem assina a apressada reportagem - não se deixariam enganar durante tantos anos por um "autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização" . De igual maneira, creditar a favorável porcentagem de identificação de professores brasileiros com Paulo Freire, a uma ilusão ideológica igualmente rasteira e acrítica às suas idéias pedagógicas, equivale a uma postura de maldoso desrespeito a profissonais da educação cujas condições cotidianas de formação e de trabalho, estas sim, causariam espanto e desaponto entre educadores de outras nações da "civilização ocidental". Se a leitura atenta de algumas obras de Paulo Freire, ou a pesquisa – mesmo apressada – dos estudos que a mais de cinqüenta anos procuram desde todos os cantos do mundo pensar e colocar em prática a sua pedagogia, talvez represente uma dificuldade insuperável para as autoras da reportagem, cremos ue com um esforço bastante menor elas poderiam ler algumas páginas de uma revista que facilmente encontrariam em algum andar do edifício da mesma Editora Abril. Ela se chama Nova Escola. Seu subtítulo sugestivo é: a revista de quem educa, e a edição especial n. 19 de julho de 2008, dedica-se a apresentar "41 grandes pensadores – educadores que fizeram história, da Grécia antiga aos dias de hoje"[1]. A longa – e ainda assim bastante incompleta relação de Nova Escola, começa com Sócrates, condenado a beber a cicuta sob A acusação de corromper a juventude – algo não muito diverso do que os jornalistas de VEJA insinuam a respeito dos educadores "de esquerda" de ontem e hoje – e de não crer nos deuses gregos de Atenas. E ela conclui com Howard Gardner, um psicólogo norte-americano que certamente haveria de ser se sentir bastante mais à vontade entre educadores humanistas críticos – como ele mesmo – do que entre aqueles que defendem uma educação inocentemente neutra. Entre os quarenta e um pensadores do dilema do ser humano, da sociedade e da educação, encontramos três brasileiros. Acompanhados com os seus qualificadores no sub-título do índice, ele são: Anísio Teixeira – o inventor da escola pública no Brasil; Florestan Fernandes – um militante do ensino democrático, e Paulo Freire – o mentor da educação para a consciência. São reconhecidamente todos eles críticos da sociedade brasileira e a nenhum deles haveria de se reconhecer como um pensador "de centro" ou "de direita", ou um educador isento de uma postura ideológica em favor de uma educação humanista, de qualidade, democrática e essencialmente crítica, algo que a reportagem, ilusória ou maldosamente confunde com "doutrinária" . O educador Paulo Freire pode ser encontrado entre as páginas 110 e 112, logo a seguir de Hannah Arendt, citada pelas autoras da reportagem de VEJA, e de Florestan Fernandes, e logo antes de Edgar Morin. Uma vez mais, ei-lo em boa companhia. Embora originadas de uma mesma empresa de mídia, eis que Escola Nova reserva a Paulo Freire uma imagem provavelmente oposta ao retrato-falado em VEJA. Vejamos. Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. (...) Ao propor uma prática de sala de aulas que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como que deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade" escreveu o educador (NOVA ESCOLA, pg. 110). Pensamos, com base em palavras de uma revista da própria
Editora Abril, acompanhadas de uma passagem de Paulo Freire, que entre o seu pensamento e o de um oportunista doutrinador, existe uma considerável distancia. Ao contrário, toda a sua pedagogia destina-se a transformara a doutrinação em diálogo, a passividade em participação ativa, a inocência neutra em crítica política (no bom sentido original da palavra: co-responsabilidade da gestão social da polis, o "lugar onde vivemos as nossas vidas"), e a capacitação instrumental destinada à subserviência competente no mundo dos negócios, pela formação consciente destinada a uma presença criativa na transformação da própria sociedade. Prossegue a mesma revista, como se adivinhasse o que VEJA viria a publicar cerca de um mês mais tarde. No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a idéia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e conseqüentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo" (NOVA ESCOLA, pg. 112). Dificilmente um tal "pensamento" poderia fundamentar uma postura de doutrinação e de inculcação de idéias e de valores. Na verdade, em direção oposta ao que a reportagem de VEJA pretende que seja um exercício docente de doutrinação de crianças e de jovens, como a maioria de nossas e nossos professores estivesse dedicada a menos ensinar do que a doutrinar os seus alunos, tudo o que educadores humanistas, herdeiros ou não das idéias e propostas de Paulo Freire, pretendem, é estabelecer condições docentes para que um ensino instrumental, funcional e apenas capacitador de competências, venha a ser uma educação formadora de pessoas críticas, reflexivas, ativas e participantes da vida de suas sociedades. A caricatura apresentada na revista VEJA e o retrato desenhado em NOVA ESCOLA deveriam ser lidos e "vistos" uma ao lado do outro. Eis a nossa sugestão: que as pessoas da mesma Editora Abril dialoguem umas com as outras. Afinal, não seria esta a prática pedagógica que VEJA parece não reconhecer em docentes doutrinadores "de esquerda"? Talvez a leitura paralela dos dois texto ajude quem tenha dúvidas a respeito de "quem doutrina quem" a encontrar se não respostas, pelo menos a indicação de onde e junto a quem elas poderiam ser procuradas. Não sei se entre possíveis educadores "neutros" ou democraticamente "de direita". O que, reconheçamos, não será fácil. Afinal, de Sócrates a Paulo Freire, dificilmente o mundo da educação, tanto quanto o de outras práticas sociais, encontrou em pensadores e em educadores neutros ou isentos de um pensamento fundado diálogos entre valores, éticas, idéias e ideologias a respeito da pessoa humana, da cultura, da possibilidade de criação de mundos de vida e de trabalho mais livres, justos e solidários, e do lugar da educação em tudo "isto" algo que fizesse merecer a sua presença na relação dos "grandes pensadores" de NOVA ESCOLA. O que devemos temer é justamente a doutrinação que não aparece escrita em livros – a não ser no de treinamento de competentes- competitivos para o mundo dos negócios – e nem comparece nos incontáveis encontros, congressos e colóquios em que educadores de um país ou de vários recantos do mundo se reúnem para pensarem, a partir de suas diferenças e à margem de desejos de doutrinação, como tornar mais humana uma educação em perigo.
Uma educação que para eles vale ainda como formação integral da pessoa humana. A mesma que a maioria dos que defendem a neutralidade do trabalho do educador prefere deixar a cargo daqueles que, passo a passo, tomam posse da educação brasileira. Os mesmos sócios dos que, reunidos em uma lastimável não tão distante Assembléia Geral da Organização Mundial do Comércio decretaram que previdência social, saúde e educação não valem mais como um direito humano, mas como uma mercadoria entre outras tantas. Talvez em nome de uma liberdade que não serve mais do que a indivíduos preocupados apenas com suas "carreiras" e a sua (cada vê mais difícil, cada vez mais socialmente seletiva) "trajetória de sucesso", VEJA apresenta como uma conquista de uma sociedade emancipada estes dados e comentários. A pesquisa realizada pela CNT/Sensus e publicada nesta VEJA um verdadeiro divisor de águas na história da discussão educacional brasileira. Porque aqui pela primeira vez se perguntou à sociedade brasileira – os alunos da escola pública e seus pais – qual é o tipo de ensino que ela quer. E a resposta foi clara. E claramente antagônica ao sentido de missão e às práticas dos professores: 70% dos alunos das escolas públicas acham que a função da escola é "preparar para o futuro" ou "ensinar as matérias". Só 28% defendem a "formação do cidadão". Alguém vai dizer: mas os alunos são demasiado jovens e não sabem o que querem. OK. Mas seus pais estão do mesmo lado: uma maioria de 56% espera que a escola "ensine as matérias" e dê formação profissional a seus filhos" (VEJA, pg. 86). Eis o ideal da Assembléia Geral da OMS realizado afinal. Eis um desejo de que a educação abra mão de ser formação e se reduza a ser uma instrumental e "material" capacitação. Estamos entre dois dilemas. Se a pesquisa falseia – o que não é difícil em enquête de encomenda deste tipo – então seria preciso descobrir a que interesses serve uma tão longa e custosa reportagem. Se ela traduz alguma verdade, então mais do que nunca precisamos com urgência de uma educação que devolva a pais e a estudantes a consciência e o desejo de que eles aprendam algo mais do que "matérias" solitariamente dirigidas ao individuo profissional - algo que os seus computadores podem fazer por eles. Que eles aprendam solidariamente as integrações de "energias" de um saber dirigido à pessoa cidadã. Fiel ao ideário da Organização Mundial do Comércio, a reportagem de VEJA parece em tudo contrária a um documento que em momento algum cita Anísio Teixeira, Florestan Fernandes ou mesmo Paulo Freire. Um documento cuja leitura recomendamos com insistência a pais, a educadores, às pessoas que realizaram a pesquisa e também a quem escreveu a reportagem. Trata-se de um longo relatório encomendado pela UNESCO (a instituição da Organização das Nações Unidas devotada à educação e à cultura) a uma ampla equipe de educadores e de pensadores da pessoa, da sociedade e da educação, nos anos finais do século passado. Este relatório realiza uma ampla avaliação da educação em plano mundial. Depois ele faz recomendações sobre "uma educação para o século XXI". Transformado em livro e traduzido em vários idiomas, em Português ele tomou este nome: Educação, um tesouro a descobrir[2]. Boa parte do que poderia ser considerado um exercício de doutrinação, inclusive a partir de iniciativas de nosso Ministério da Educação, deriva das propostas do relatório da UNESCO. Em seu capítulo central, o bem conhecido "capítulo quatro" o documento estabelece os quatro pilares do aprender. Isto é, do "ser educado". Bem ao contrário do que defende a reportagem de VEJA, eles insistem em que a escola forme pessoas através de um: a) aprender a fazer – mas não apenas por meio do exercício funcional competente de uma profissão e, sim, pela criação de contextos cooperativos de trabalho em comum; b) aprender a aprender, isto é, nunca aprender conteúdos prontos de "matérias" ensinadas, mas aprender a pensar reflexivamente através da construção solidária e crítica de saberes; c) aprender a conviver, ou seja, aprender para saber ser algo bastante além de um simples "bom profissional" ; aprender para ser, em termos defendidos por Paulo Freire há mais de quarenta anos, a ser uma pessoa solidária, criativa e participante dos dilemas de seu mundo de vida e de trabalho; d) aprender a ser. Sim, e para pasmo de quem creia que "isto é coisa do passado", um documento de foro internacional ousa colocar na formação integral do ser da pessoa humana o último e mais essencial pilar do aprender.
Mas talvez não seja sequer necessário recorrer a Educação – um tesouro a descobrir. Pois se voltarmos à página de NOVA ESCOLA, na sessão "para pensar" que em um box acompanha cada um dos quarenta e um educadores, está escrito o seguinte, com que podemos encerrar este diálogo a partir de dois escritos da mesma Editora Abril. Um conceito a que Paulo Freire deu a máxima importância, e que nem sempre é abordado pelos teóricos, é o da coerência. Para ele, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo conseqüente de serem que elas orientam a prática, até em seus aspectos mais corriqueiros. "As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o educador. "Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se ironizo, s o discrimino, se o inibo com minha arrogância?" Você, professor, tem a preocupação de agir na escola de acordo com os princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob este ponto de vista? (NOVA ESCOLA, pg. 112).

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Seminário “200 anos de Ensino Superior no Brasil”

Encontram-se abertas as inscrições para o Seminário "200 Anos de
Ensino Superior no Brasil", que podem ser feitas pelo site
http://dpdphp.epm.br/acad/siex/index.htm, rolando a página. Os inscritos
freqüentes receberão certificado, pelo Correio.
Seminário “200 anos de Ensino Superior no Brasil”
7 e 8 de outubro de 2008

PROGRAMA
7 de outubro
9h: Cerimônia de abertura

Autoridades do MEC e da UNIFESP
> 10h-12h: Conferência “O ensino superior e a formação do campo
> científico no Brasil”
> Simon Schwartzman (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade)
14h-17h: Mesa redonda “A UNIFESP aos 75 anos: memória e história”
Jaime Rodrigues, Luigi Biondi, Ana Lúcia L. Nemi e Karen M. Lisboa
(UNIFESP)
8 de outubro
9h-10h30: Mesa redonda “Ensinos público e privado no Brasil
> contemporâneo: perspectivas históricas”
Michelangelo Giotto Trigueiro (Unb) e Helena Sampaio (NUPES/USP)
10h30-12h: Mesa redonda “Mapeamentos e experiências contemporâneas
do ensino superior privado”
Gladys Beatriz Barreyro (USP- EACH), Antônio de Pádua Bosi (Univ.
Estadual do Oeste Paranaense) e Cristina Helena Almeida de Carvalho
(Mackenzie/Unicamp)
14h-15h30: Mesa redonda: “Ensino superior no Brasil: reformas
recentes”

Solange Alfinito (UnB) e Lalo Watanabe Minto (Unicamp)
15h30-17h: Mesa redonda “Políticas de Acesso e expansão da Educação
Superior: concepções e desafios”

João Ferreira de Oliveira (UFG), Nelson Cardoso Amaral (UFG),
Sabrina Moehlecke (USP), Afrânio Mendes Catani (Prolam/USP).

5ª Mostra Internacional de Música em Olinda

Divulgação/Beto Figueiroa

A Mostra Internacional de Música em Olinda (MIMO) é um festival único no Brasil que possui uma programação abrangente e voltada para a música instrumental, erudita e popular. A 5ª edição da MIMO acontece entre 1 e 7 de setembro, contando com mais de 20 concertos gratuitos, além de palestras, workshops de música e mostra de filmes.
Os encontros da Mostra ocorrem no interior das igrejas barrocas locais. "Quando criei o evento, queria levar à Olinda concertos de alta qualidade artística, que somados às apresentações nas igrejas históricas, promovessem uma experiência mágica e profunda", avalia Lu Araújo, idealizadora, diretora artística e dona da produtora Lume Arte, responsável pelo festival.
Na edição de 2008 haverá a participação do trompetista cubano Yasek Manzano, pela primeira vez no Brasil a Sinfonietta Jönköping, vinda da cidade de Jönköping, na Suécia, fundada no século XIII, Eliane Coelho, cantora lírica carioca radicada há trinta anos na Europa. Ainda estarão presentes o grupo argentino Antique Cordova Ensemble, especializado em música barroca latino-americana, o consagrado arranjador, produtor, compositor e pianista, Eumir Deodato.
O festival que está com diferentes linguagens e etnias, aposta também na dupla Haim Isaacs e Izidor Leitinger. A MIMO vai apresentar também o universo de Zabé da Loca, nascida no agreste de Pernambuco, atualmente com 84 anos, uma exímia tocadora de pífano, tradicional flauta inventada no Nordeste, fabricada geralmente com galho de bambu, e propagada para todo o Brasil pela Banda de Pífanos de Caruaru.
Com nove músicos nascidos em seis países latino-americanos, o América Contemporânea vai relembrar as canções tradicionais das culturas de cada um de seus músicos, um rico painel de sonoridades, entre cirandas, merengues, chacareras, peças baseadas em ritmos afro-andinos, bullerengues e cantos de origens indígenas e espanholas.
Haverá, ainda, concertos e recitais eruditos, como o do Quinteto Villa-Lobos, e o da Orquestra MIMO - integrada pelos alunos da Oficina de Formação de Orquestra do festival - com regência de Silvio Barbato e participação de Egberto Gismonti ao piano.
O duo que vai criar momentos mágicos é o dos brasileiros Gilson Peranzzetta (piano e arranjos) e Mauro Senise (flauta e sax). Na linha do melhor da tradição musical brasileira, se apresentam, também, Siba e Roberto Corrêa, buscando em seus trabalhos a recriação de suas raízes regionais. Pernambucano,
A Orquestra Sinfônica do Recife tocará no dia 7 de setembro quando alunos selecionados do curso ministrado pelo maestro Isaac Karabtchevsky terão a oportunidade de fazer a regência. No mesmo dia, às 16h, apresenta-se a Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque, com regência de Cussy de Almeida, que terá como solistas Jerzy Milewski e Aleida Schweitzer, na Igreja Rosário dos Homens Pretos.
Novidade na MIMO 2008, o ciclo de palestras conta com a participação do jornalista Irineu Franco Perpétuo, do crítico musical Carlos Calado e o mestre em Composição e Regência e Diretor da Sala Cecília Meirelles, João Guilherme Ripper. Pararlelamente ao festival, a mostra de filmes exibe longas sobre música como Onde a coruja dorme, Hebert de perto, Dona Helena, Três Irmãos de Sangue e Pindorama - a verdadeira história dos sete anões. Por fim, a Etapa Educativa, músicos ministram aulas gratuitas para cerca de mil alunos, vindos anualmente de diversos locais do Brasil e até do exterior. As atividades atendem a diferentes níveis de aperfeiçoamento, promovendo desde o primeiro contato com a música para os leigos a oportunidades de reciclagem para músicos profissionais, como nas Master Classes ou nas Oficinas de Formação de Orquestra.

PROGRAMAÇÃO

Etapa educativa : apenas para inscritos. 1 a 6 de setembro (Curso de regência, Oficinas de formação de orquestra, Masterclasses e workshops)
Locais: Teatro de Santa Isabel, Convento de São Francisco, Conservatório Pernambucano de Música e Centro de Educação Musical de Olinda

Concertos: 3 a 7 de setembro. 11h30, 16h, 18h30, 20h30
Senhas : Cada pessoa só poderá pegar uma senha por vez
Para os concertos das 18h30 as senhas serão distribuídas às 17h, na Biblioteca de Olinda
Para os concertos das 20h30 as senhas serão distribuídas às 18h, na Biblioteca de Olinda
Para os concertos dos demais horários não haverá senha
Local de Distribuição das Senhas > Biblioteca de Olinda (Av. da Liberdade, s/nº - Carmo)
Locais de Realização dos Concertos: Igrejas da Sé, do Rosário dos Homens Pretos, N. Senhora de Guadalupe, N. Senhora do Monte, de São Pedro Apóstolo, Mosteiro de São Bento, Seminário de Olinda, Convento de São Francisco e Espaço Petrobras MIMO
Mostra de Filmes: 3 a 7 de setembro I 18h e 19h
Locais: Seminário de Olinda e Pátio da Igreja da Sé
Palestras > 4 a 6 de setembro I 10h30
Local: Auditório da AESO (Rua de São Bento, 200 - Antiga Faculdade de Direito de Olinda)
Informações MIMO: (21) 2508-5565 ou www.mimo.art.br.

Entrada Gratuita