quinta-feira, 22 de maio de 2008

Maringa/Joao Pessoa e a questão da preservação do Patrimonio Historico


Patrimônio Histórico pode ser definido como um bem material, natural ou imóvel que possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Estes patrimônios foram construídos ou produzidos pelas sociedades passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural.
Há uma preocupação mundial em preservar os patrimônios históricos da humanidade, através de leis de proteção e restaurações que possibilitam a manutenção das características originais.
No Brasil, existe o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Este órgão atua, no Brasil, na gestão, proteção e preservação do patrimônio histórico e artístico no Brasil.
Quando um imóvel é tombado por algum órgão do patrimônio histórico, ele não pode ser demolido, nem mesmo reformado. Pode apenas passar por processo de restauração, seguindo normas específicas, para preservar as características originais da época em que foi construído.
Esta definição me vem à mente após ler no Blog do Rigon, um jornalista da minha bela cidade de Maringá sobre luta de uma parte da população da cidade pela preservação da estação rodoviária local, um belissimo prédio. Bem, Maringá em relação as nossas cidades aqui no nordeste ainda é um bebe. Esta cidade foi criada no impulso modernista e de abertura dos sertões dos ano 20 e 30. O interessante é que tal cidade além de Maringá pode-se citar Londrina, carregam em sim um discurso modernista exagerado. Os chamados pioneiros, os heróis da ¨devastação florestal¨ não são criticados por terem destruído toda a mata tropical do norte do Paraná mas sim como grandes desbravadores tal qual os hérois do avanço para o oeste norte-americano. Nem vamos aqui entrar na questão indígena, pois, também é um grande tema. Pois bem, estas cidades que devastaram a natureza e deixaram apenas alguns ¨matinhos¨(Parque do Ingá) em seus centros, para claro, se dizerem ecológicas, ou cidades verdes, agora se voltam para a destruição do seu pequeno e recente Patrimônio histórico.
Enquanto aqui em João Pessoa que não é lá uma grande preservadora de seu patrimônio fazemos festa por que nosso centro histórico agora ser reconhecido nacionalmente, lá no norte do Paraná a prefeitura quer derrubar um dos únicos patrimônios históricos da cidade que ainda existem, para construir grandes torres, que na visão dos ignorantes e deslumbrados significam desenvolvimento. Digo únicos porque ao se andar por Maringá não vemos a sua história, a única coisa importante é se e dizer e ser moderna.
Aqui em nossa João Pessoa este debate passado/futuro também esta presente e a Av. Epitácio Pessoa representa esta passagem da João Pessoa antiga para a João Pessoa moderna do Manaíra e do Cabo Branco.
Mas sejamos inteligentes e não façamos como a ¨moderna¨ Maringá, preservemos nosso patrimônio. Repensar a cidade sob a ótica de sua "memória" ou sob o prisma de significados atribuídos à noção de patrimônio supõe compreender a lógica das prioridades sobre o uso e valorização de espaços efetivados ao longo do tempo. Prioridades que aparecem como coletivamente construídas, embora sejam objeto permanente de disputas simbólicas que revelam interesses de diferentes atores sociais. O que preservar, como mudar ou o que mudar são questões que vêm à tona atualmente com mais evidência, alimentando o plano das representações sobre a cidade, que orientam diferentes discursos.
Parafraseando a professora Irlys Alencar F. Barreira, da Universidade Federal do Ceará - UFC em seu texto The city in the flow of time: invention of past and heritage gostaria de citar um personagem de Calvino que, a meu ver, contém a imagem metafórica da busca de algo que se perdeu no tempo.

Esse Marcolvado tinha um olho pouco adequado para a vida na cidade: avisos, semáforos, vitrines, letreiros luminosos, cartazes, por mais estudados que fossem para atrair a atenção, jamais detinham seu olhar, que parecia perder-se nas areias do deserto. Já uma folha amarelando num ramo, uma pena que se deixasse perder numa telha não lhe escapavam nunca; não havia mosca no dorso de um cavalo, buraco no cupim numa mesa, casca de figo se desfazendo na calçada que Marcovaldo não observasse e comentasse, descobrindo as mudanças de estação, seus desejos mais íntimos e misérias de sua existência.

A professora finaliza o texto dizendo que esse personagem anacrônico, presente no emaranhado da vida urbana, pode materializar a busca do passado. O que se perde e o que se busca no fluxo do tempo
Maringá seja moderna preservando seu passado.

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