Quando esteve no Brasil em dezembro, o filósofo político italiano Antonio Negri, 75, pediu ao ministro Tarso Genro que impedisse a extradição de Cesare Battisti. Em uma carta, falou do clima de perseguição política na Itália e traçou paralelos entre a sua história pessoal e o caso. Negri foi preso em 1979, acusado de ser o ideólogo das Brigadas Vermelhas (BV). Refugiou-se na França. Conseguiu provar inocência, mas acabou condenado por subversão. Em 1997, retornou voluntariamente à Itália, onde cumpriu pena até 2003.
FOLHA - O sr. concorda com o refúgio dado a Battisti?
ANTONIO NEGRI - Totalmente. Creio que o gesto do ministro foi de grande generosidade e inteligência, ao se antecipar à decisão do Supremo. Faz parte da prerrogativa do ministro da Justiça interpretar uma jurisprudência já confirmada. Quando estava em Brasília, perto do Natal, insisti que Battisti não fosse extraditado. Não encontrei Tarso pessoalmente, mas fiz chegar a ele uma carta, como fizeram Bernard-Henri Lévy e García Marquez.
FOLHA - A Itália pediu ao STF que reavalie a decisão.
NEGRI - Espero que o Supremo decida favoravelmente a Battisti como fez em outros quatro casos de italianos. São precedentes muito importantes. O tribunal foi contra a extradição em casos muito mais sérios que o de Battisti.
NEGRI - O Sarkozy [presidente da França] deu uma bofetada no governo italiano quando negou a extradição da ex-comunista italiana Marina Petrella. Querem encobrir essa humilhação agredindo o Brasil, um Estado mais fraco.
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