sábado, 7 de março de 2009

Documentos comprovam apoio da "neutra" Suécia à Alemanha nazista

Se a Suécia ainda tinha alguma ilusão a respeito de sua neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial, esta acaba de se despedaçar. Uma das últimas figuras da resistência moral da Suécia frente à Alemanha nazista, um ministro das Finanças social-democrata, foi acusada por revelações publicadas no jornal "Dagens Nyheter", no dia 15 de fevereiro. Em abril de 1941, Ernst Wigforss deu secretamente seu aval para que o banco privado do império Wallenberg emprestasse uma grande quantia destinada aos estaleiros alemães.
"Fazer um empréstimo aos alemães significava subsidiar sua economia e, portanto, sua máquina de guerra", insistem Krister Wahlbäck, diplomata e historiador, e Bo Hammarlund, arquivista do governo. Foi encontrando um documento esquecido no fundo de um cofre do Ministério das Finanças que os dois conseguiram divulgar o jogo duplo daquele que foi o titular da pasta ministerial de 1936 a 1949.
Descrito como "um ícone" para os socialistas, Ernst Wigforss também é, como escrevem os historiadores, "uma espécie de álibi para o partido no eterno debate sobre as concessões feitas à Alemanha nazista pelo governo durante a guerra". Eles ainda acrescentam: "Todo mundo sabe, por exemplo, que Wigforss foi o opositor mais virulento quando a divisão alemã Engelbrecht pôde transitar (da Noruega ocupada por meio da Suécia em direção ao front soviético na Finlândia) durante o verão de 1941, e que ele não se importou de criticar seu chefe de partido e do governo Per Albin Hansson".
Em seu livro "Honra e Consciência", publicado em 1991, onde ela levantava um primeiro inventário, a escritora Maria-Pia Boëthius já havia estimado que as atitudes suspeitas da muito neutra Suécia haviam de fato o colocado no campo dos nazistas.
Desde sua entrada na União Europeia em 1995, a Suécia abandonou progressivamente a referência à sua neutralidade na linguagem oficial para manter somente a da "liberdade de aliança".
O acaso quis que esse novo ferrão na consciência sueca fosse revelado no momento em que o ministro conservador das Relações Exteriores, Carl Bildt, fazia, diante do Parlamento, em 18 de fevereiro, uma declaração na qual ele rompeu essa última barreira. Da mesma forma que os kremlinólogos que interpretavam a política soviética destacando os ausentes nas fotos, os especialistas notaram que Bildt, partidário de longa data dos Estados Unidos, havia suprimido de seu discurso qualquer referência à "liberdade de aliança". O que não foi nada por acaso, analisa um colunista do "Dagens Nyheter". Fim de uma era.

Tradução: Lana Lim

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