
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
O Fado

quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Igrejas de Portugal- Igreja da Memória-Lisboa
Eu sempre fui apaixonado pela história da família Távora e da figura do Marques de Pombal.. É uma história muito interessante e tinha me prometido que iria visitar o local onde os integrantes da família foram supliciados no Belém em Lisboa e o local onde estariam os restos do Marques que fiquei sabendo estariam em Belém só não sabia exatamente onde.. Então numa tarde de domingo resolvo ir. Saio de casa as 12 horas. Pego o metro da linha amarela até a estação da Marques de Pombal e em seguida a linha até o Cais do Sodré. De lá pego o elétrico e sigo para Belém. Mas não estava interessado mais em ver a Torre de Belém e nem os Jeronimos. Não que não sejam locais muito interessantes mas é que já tinha ido lá várias vezes. Então me enfiei pelo interior do bairro. Lá pelas tantas encontrei a bela Igreja da Memória.Esta Igreja foi começada a construir por volta de Maio de 1760, tendo-se celebrado a cerimônia do lançamento da primeira pedra a 3 de Setembro de 1760. A sua construção é devida a D. José I num gesto de gratidão por se ter salvo de uma tentativa de assassínio dois anos antes, em1758, no local. O monarca regressava de um encontro secreto com uma dama da família Távora quando a carruagem foi atacada e uma bala o atingiu num braço. Pombal, cujo poder já era absoluto, aproveitou a desculpa para se livrar dos seus inimigos Távoras, acusando-os de conspiração. Em1759, foram torturados e executados. As suas mortes são comemoradas por um pilar no Beco do Chão Salgado, junto da Rua de Belém. Quanto ao projeto da Igreja este é do italiano Giovanni Carlo Sicinio Galli Bibiena arquitecto e cenógrafo bolonhês autor do Teatro do Forte ou Teatro do Salão dos Embaixadores no Palácio da Ribeira (1752-1754), Teatro real de Salvaterra de Magos (1753-1792), Teatro real da Ópera do Tejo (mar.1755-nov.1755) e do Teatro da Quinta de Cima ou Teatro da Ajuda. Igualmente foi responsável pela Real Barraca da Ajuda e da sua Capela Real. A condução das obras até 20 de novembro de 1760 esteve a cargo do arquiteto italiano. Contudo, em 1762 as obras pararam por motivos econômicos, sendo apenas retomadas em Novembro de 1779. Assumindo o cargo o arquiteto Mateus Vicente de Oliveira, sendo o responsável pelo piso superior da igreja, pelo zimbório, cúpula e lanternim. Em 1785, Mateus Vicente morre, ficando por concluir a torre sineira. Hoje é a sede da Ordinariato Castrense de Portugal/Diocese das Forças Armadas. Em estilo neo-clássico, a igreja é pequena, mas graciosa, sendo o interior em mármore e tendo no exterior uma bela cúpula. Contudo seu pormenor mais significativo é o fato de servir de mausoléu ao Marquês de Pombal, que está ali sepultado. Nas fotos a ordem é a seguinte: a primeira é o Beco do Chão Salgado onde a familia Távora foi supliciada; a segunda é a urna funerária do Marques de Pombal e as seguintes são da Igreja da Memória.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
No Coração de Portugal: Série especial do Jornal da Band sobre Portugal. Parte 1
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
sábado, 4 de setembro de 2010
Quase memória
Relação do brasileiro com seu passado é
mais tênue do que aquela construída nos
países europeus e mesmo nas demais
nações latino-americanas
PETER BURKE
COLUNISTA DA FOLHA
Na última geração, os europeus experimentaram um "boom de memória", uma onda de interesse, tanto acadêmico quanto popular, pelas lembranças; não apenas memórias individuais, mas também coletivas -em outras palavras, imagens compartilhadas do passado.
Essa onda de interesse foi ao mesmo tempo expressada e incentivada pela série de sete livros de enorme sucesso lançada pelo estudioso-editor Pierre Nora entre 1984 e 1993, sob o título "Les Lieux de Mémoire" [Os Lugares de Memória].
A idéia central de Nora foi pedir a seus colaboradores que se concentrassem em lugares associados a memórias coletivas do passado francês - lugares geográficos, como Versalhes ou o Panteão, mas também lugares metafóricos, como a "Enciclopédia Larousse" ou mesmo a "Marselhesa".
A série foi imitada em outros países europeus, como a Alemanha e a Itália. Poderia ou deveria ser imitada também no Brasil?
Poder-se-ia afirmar que no Brasil ou em outros lugares do Novo Mundo um empreendimento como o de Nora seria inadequado, pois, em comparação com a Europa, nas Américas um edifício é considerado antigo quando data da década de 1930, e a população de muitos países é relativamente jovem e mais voltada para o futuro do que para o passado.
Na verdade, os brasileiros parecem ainda menos preocupados com o passado do que as populações de outros países latino-americanos, especialmente a Argentina.
De todo modo, o Brasil tem seus próprios "lugares de memória". Os nomes de muitas localidades, de Iguaçu a Paraíba, têm um significado em tupi e assim nos lembram, ou deveriam lembrar, os tupinambás e outros "primeiros povos".
Cidades, pessoas
As cidades, por outro lado, muitas vezes evocam memórias da Europa. Os imigrantes tentaram recriar nas Américas um mundo conhecido, batizando suas cidades de Belém, Nova Friburgo, Nova Odessa e assim por diante.
Em comparação, os escravos africanos que foram trazidos para o Brasil contra a sua vontade não tiveram a oportunidade de impor nomes familiares à paisagem estranha. No entanto tentaram a reconstrução simbólica do espaço africano nos terreiros de candomblé.
As memórias locais também são importantes. Os nomes de algumas cidades e muitas ruas se referem a líderes e acontecimentos locais -João Pessoa, avenida Nove de Julho etc. Nomes como esses foram conseqüência de iniciativas oficiais.
Um testemunho mais direto de memórias populares ou atitudes em relação ao passado vem dos nomes pessoais.
Para um visitante europeu, é uma espécie de surpresa descobrir quantos brasileiros têm nomes de heróis culturais como Edison, Milton, Newton ou Washington.
O único problema é descobrir se esses nomes foram escolhidos pelos pais por sua sonoridade ou por sua associação com o Reino Unido, os EUA, a ciência ou a democracia.
Um equivalente brasileiro a "Os Lugares de Memória", se fosse publicado, como espero que um dia o seja, naturalmente incluiria as comemorações oficiais de eventos como a descoberta do Brasil pelos portugueses ou a expulsão dos portugueses da Bahia em 1823.
Como no caso da Europa, os locais de memória incluiriam museus e monumentos (embora os visitantes europeus possam se surpreender ao ver monumentos aos imigrantes no Brasil).
Também haveria espaço para pinturas históricas como "Independência ou Morte", de Pedro Américo, ou suas imagens da guerra contra o Paraguai.
De todo modo, os principais lugares de onde a maioria dos brasileiros extrai suas visões do passado são certamente o Carnaval e a telenovela.
Temas históricos são comuns nos enredos das escolas de samba do Rio e seus equivalentes em outras cidades -eventos como a descoberta do Brasil ou a abolição da escravatura e indivíduos como Zumbi ou o imperador d. Pedro 2º. Quanto às telenovelas, pense-se no sucesso de "A Escrava Isaura" em 1976 e novamente em 2004; e de "Sinhá Moça" em 1986 e também 20 anos depois, assim como novelas relacionadas à história mais recente, de "Éramos Seis" (1994) a "Terra Nostra" (1999).
Novelas e Carnaval
Com um pouco de exagero, poderíamos comparar as visões do passado brasileiro apresentadas nesses dois meios de comunicação. A visão carnavalesca tende a ser crítica e a apresentar o ponto de vista do escravo. Por exemplo, em 1988, centenário da abolição da escravidão, o tema da Mangueira foi "Cem Anos de Liberdade - Realidade ou Ilusão?".
As novelas, por sua vez, geralmente apresentam uma visão de harmonia social -embora apareçam os fazendeiros e capatazes cruéis, os protagonistas (em geral brancos ou mestiços) são generosos e idealistas.
Em suma, poder-se-ia dizer que o Brasil tem o que poderíamos chamar de um "regime de memória" próprio. Em contraste com a França e outras partes da Europa, há menos preocupação com o passado, e os lugares associados às memórias também são diferentes.
O contraste entre o regime de memória do Brasil e o de seus vizinhos hispano-americanos não é menos notável. As estátuas eqüestres de líderes como Bolívar, San Martín e Artigas não são muito presentes no Brasil (com exceção do Rio Grande do Sul, pelo menos), uma lembrança de que o Brasil conquistou a independência por meios mais pacíficos do que a América espanhola.
Uma estátua foi oferecida a dom Pedro 2º depois da Guerra do Paraguai, mas o imperador a recusou, enquanto o marechal Deodoro teve de esperar até 1937 e as políticas de comemoração do regime Vargas para que sua estátua eqüestre fosse erguida no Rio.
Outro contraste entre o Brasil e seus vizinhos, especialmente a Argentina, o Chile e o Peru, se refere às memórias recentes de regimes autoritários e às pessoas "desaparecidas".
O Brasil não tem equivalente à Comissão da Verdade chilena -embora uma equipe de pesquisadores patrocinada pelo cardeal Paulo Evaristo Arns, ex-arcebispo de São Paulo, tenha publicado "Brasil, Nunca Mais", um relato dos abusos aos direitos humanos durante a ditadura militar.
Até agora a anistia e a amnésia -conceitos associados- predominaram. Essa situação vai mudar em um futuro próximo ou o regime de memória do Brasil continuará original?
PETER BURKE é historiador inglês, autor de "O Que É História Cultural?"
(ed. Zahar). Escreve na seção "Autores", do Mais!.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.