sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sé de Lisboa

Entre as belezas do Bairro da Alfama uma das que mais gostava de passar na frente era sem duvida a belíssima Sé de Lisboa. Bela num sentido diferente. Uma verdadeira muralha com uma portada belíssima. Além disso, do lado dela tem uma vela vista do Tejo e um café com doces maravilhosos a vitrine assusta de tanto doce. Uma boa visita é dar uma olhada nos tesouros da Sé e na parte de dentro onde se pode ver algumas escavações. Um belo passeio. Quanto a história da Igreja ela é monumento nacional desde 1907, foi construída na segunda metade do século XII no local da antiga mesquita almorávida, arrasada depois da conquista da cidade de Lisboa aos árabes por D. Afonso Henriques. O edifício, erguido em estilo românico pelo mestre Roberto, põe de pé uma estrutura fortificada e robusta, herdando essa memória militar e defensiva. A Sé constrói-se sobre uma planta de três naves - sendo a central em abóbada de berço e as laterais em abóbada cruzada - e sobre as duas laterais erguem-se duas curiosas galerias - o trifório. Hoje, as naves da Sé são talvez das poucas estruturas que saíram quase ilesas dos sucessivos acrescentos e restauros. Os últimos, já feitos no século XX, tornaram o monumento num verdadeiro pastiche, nas palavras do historiador José Luís de Matos. Sobre o cruzeiro, que nas igrejas com planta em cruz latina é o espaço onde se cruzam os dois braços da cruz, ergueu-se uma torre por cima da capela-mor. A campanha de construção prolongou-se até aos inícios do século XIII, quando se começou a introduzir nos capitéis da fachada principal uma linguagem gótica. A partir daqui, a Sé-Catedral foi objeto de várias campanhas, como seria de esperar num dos edifícios mais antigos da cidade e o centro da vida religiosa. É do reinado de D. Dinis que data a construção do claustro, altura em que foi demolido o bairro islâmico situado a nascente da Sé. A obra, construída num terreno que sofreu um aterro, implantou-se com dificuldade, utilizando como decoração os motivos vegetalistas tão em voga no gótico português. O acrescento mais importante do estilo gótico será, no entanto, a construção de uma nova cabeceira por D. Afonso IV, cujo centro é a capela-mor, que o rei reservou para panteão privado. Foi esta campanha que ergueu o deambulatório - a galeria que envolve a capela-mor, rodeada de outras capelas, típica das grandes igrejas de peregrinação da Idade Média.
Já no século XVII, o arquiteto Marcos da Cruz constrói em 1649 a nova sacristia, com a particularidade de toda a estatuária retratar apenas santos portugueses. O terremoto de 1755 viria a afetar fortemente o edifício, desaparecendo parte do claustro, da capela-mor e da torre sobre o cruzeiro. D. José reconstruiu a capela-mor, sendo posteriormente o interior renovado com uma decoração neoclássica, fazendo esta intervenção quase desaparecer o sabor românico-gótico. No início do século XX, Augusto Fuschini começa as campanhas de restauro, com alguma fúria purista e romântica, reconstruindo pormenores que ninguém sabia exatamente como tinham sido. O restauro de António Couto já não procura uma Sé idealizada, mas a imagem que hoje temos do monumento tem muito a ver com estes trabalhos do século XX. Como diz José Luís de Matos, os restauros tiveram o mérito de tornar visível o único edifício românico-gótico da cidade de Lisboa.








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