terça-feira, 27 de setembro de 2011


Paço Imperial , Praça XV, Rio de Janeiro,
20 de janeiro de 1759, 20:00
Numa das salas do Paço Imperial conversam duas obscuras figuras. Uma das figuras um negro, muito alto, braços muitos fortes com aquela aparência de príncipe africano, mas com um pronunciar perfeito da língua portuguesa, resultado de seus anos de vida em Lisboa.
O Paço Imperial era construído no século XVIII para servir de residência aos governadores da Capitania do Rio de Janeiro, e passou a ser a casa de despachos, sucessivamente, do Vice-Rei do Brasil, do Rei de Portugal, D. João VI e dos imperadores do Brasil.
A história do edifício teve início em 1733, quando o governador Gomes Freire de Andrade, Conde de Babadela pediu ao rei D.João V licença para edificar uma casa de governo no Rio de Janeiro . A construção teve início em 1738,, com projeto do engenheiro militar português José Fernandes Pinto Alpoim, no Largo do Carmo (ou da Polé), atual Praça XV, no centro da cidade colonial. A nova Casa dos Governadores foi inaugurada em 1743.
Em 1763, com a transferência da sede do Vice-Reino do Brasil de Salvador para o Rio, a Casa dos Governadores passou a ser a casa de despachos do Vice-Rei, o Paço dos Vice-Reis.
Em 1808, com a chegada ao Rio da família real portuguesa, o edifício é promovido a Paço Real e usado como casa de despachos do Príncipe Regente. Nessa época o Paço foi adaptado, tendo sido acrescido um novo andar central à fachada colonial voltada para a Baia da Guanabara. Os interiores foram redecorados e o Paço ganhou uma Sala do Trono, onde ocorria a tradicional cerimônia do Beija-mão. Também se construiu um passadiço ao vizinho Convento do Carmo, onde se instalou a Rainha D. Maria I.
Para a aclamação do rei D. João VI foi construída a "Varanda", um anexo monumental entre o Paço e o Convento do Carmo, onde se realizou a cerimônia. A mesma Varanda foi utilizada nas coroações de D. Pedro I (1822-1831) e D. Pedro II (1840-1889), sendo demolida ainda durante o Segundo Reinado.



Após a Independência do Brasil, o edifício passou a Paço Imperial, sendo chamado também de Paço do Rio de Janeiro, funcionando como despacho e residência eventual para D. Pedro I e depois para D. Pedro II. No interior há uma sala, o Pátio dos Arqueiros. Neste período a fachada recebeu o acréscimo de uma platibanda em torno do terceiro andar e que ocultava o telhado. Foi no Paço que, a 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I decidiu ficar no Brasil e não voltar a Portugal (Dia do Fico). Também foi numa das salas do Paço que a Princesa Isabel, já nos estertores do Império, assinou, dia 13 de maio de 1888, a Lei Áurea, libertando os escravos. O Paço Imperial foi ainda o primeiro local fotografado na América atina. Em 1840, o Abade Compte fez a primeira fotografia do Brasil, mostrando o Paço e o largo adjacente.
De volta ao Paço, os dois homens continuavam a sua conferência.
O negro se dirigia ao seu interlocutor que pelos trajes e pelo falar aparentava ter origem nas Províncias do Norte. O negro que era figura muito vista no Paço nos últimos dias tentava explicar algo para seu interlocutor.
- Voismece sabe que tentei de todas as formas, mas os padres não me deram nenhuma informação que poderia ajudar, respondeu.
- O outro com aquele sotaque típico do norte do Brasil bravejava. ELE vai ficar furioso, não ficou claro para você que a solução deste caso assim como encontrar o HERDEIRO é caso de segurança do Império? Não sei o que dizer a ELE. E justo neste momento quando o país vive problemas nas fronteiras do sul.  E o pior deixaste que a notícia fosse publicada pela imprensa da Província não lhe foi dito que isso era para ficar entre poucas pessoas?
_ Sim foi, mas Voismece sabe que é difícil manter esse tipo de notícia em segredo. Ainda mais da forma que aconteceu, e na frente da Igreja dos Jesuítas que fica na parte alta da cidade, mas um detalhe me chamou a atenção o morto era com certeza um franciscano.
-Será que o caso se resume a uma contenda entre jesuítas e franciscanos? Ainda existem jesuítas por lá? Viste o corpo? Como estava?
-Coisa mais feia que já vi na vida, respondeu o negro passando as mãos no rosto e não respondendo sobre os jesuítas.
- Investigasse a Igreja dos Franciscanos? Conseguiste algo sobre se o HERDEIRO realmente pode ter passado por lá?
- Apenas rumores de que uma figura muito estranha, a muito mora por lá, mas nada que consegui comprovar, respondeu negro.
-Precisamos levar estas informações para ELE, mas me disseram que não está no Paço.
-Não. ELE partiu para a Quinta. Mas sabes como ter acesso a seus aposentos, corra para lá e diga o que conseguiste apurar creio que em breve ele terá que convocar os outros para investigar. Se realmente o maldito filho dos traidores estiver vivo precisamos dar um fim a ele, ou a vida da família real estará em perigo. Quiçá a existência do Império. Corra. Avise ele vou tomar outras providências e entrar em contato com os outros para podermos traçar novas investigações.

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